Primeiro Congresso de Presbíteros do Regional Leste 2 da CNBB

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Primeiro Congresso de Presbíteros do Regional Leste 2 da CNBB

Pe. Nelito  Dornelas

Nos dias 20 a 23 de maio do corrente ano realizou-se o 1º Congresso de Presbíteros do Regional Leste 2 da CNBB, no Sítio das Rosas, em Cachoeira do Campo- MG. Foram quase 90 padres de Minas Gerais e do Espírito Santo a participarem deste Congresso. O objetivo foi conhecer e analisar os resultados de uma pesquisa, com cem perguntas, feita junto aos padres do Brasil sobre vários aspectos da vida e do ministério dos presbíteros. A assessoria foi do psicanalista Wiliam Castilho, do teólogo Pe. Manoel Godoy e do biblista Pe. Andherson Franklin, com os quais os participantes interagiram com seus questionamentos e abordagens, a partir do lugar em que cada qual se encontra. Foram várias reações, questionamentos e proposições surgidas ao longo do processo. Toda esta riqueza de debates foi devolvida à Comissão Regional de Presbíteros, que a sistematizará e, posteriormente a enviará a todas as dioceses como subsidio para uma renovada pastoral presbiteral.

Antes de falar do resultado da pesquisa, merece especial atenção conhecer alguns dados numéricos sobre a religião cristã no mundo, com destaque para a Igreja Católica. Os batizados, membros do corpo de Cristo, somam dois bilhões de cristãos, entre católicos romanos, ortodoxos, reformados, incluindo os protestantes, os evangélicos e os pentecostais.

Os membros batizados na Igreja Católica são 1.272 bilhão de cristãos, dos quais, 3.170.643 são catequistas, 362.488 missionários leigos e leigas, 54.559 irmãos religiosos, 668.729 religiosas com votos perpétuos, 5.437 bispos, 414.313 presbíteros, 45.000 diáconos permanentes e 116.939 seminaristas maiores.

Em termos estruturais, a Igreja Católica está organizada em 12 Patriarcados, 610 Arquidioceses, 2.113 Dioceses, 44 Prelazias territoriais, 132.642 centros missionários e 221.740 Paróquias.

Na área social a Igreja Católica oferece à sociedade os seguintes serviços: 5.167 hospitais católicos, 10.124 orfanatos, 15.699 casas para pessoas idosas, 11.596 enfermarias, 14.744 consultórios de orientação familiar e 115.352 institutos beneficentes e assistenciais.

Conhecer a Igreja Católica, a partir destes números, é de fundamental importância, antes de qualquer discussão a respeito dos resultados da referida pesquisa, sobretudo, considerando que o número atual de padres, de paróquias e de seminaristas merece uma atenção muito especial e nos ajuda neste debate. Os padres existentes hoje são o dobro das atuais paróquias, mas os seminaristas maiores representam menos de 1/3 dos atuais presbíteros. Esta realidade obriga a Igreja a uma reflexão urgente sobre o modelo do ministério presbiteral e sobre a administração da vida paroquial. Voltarei a este assunto oportunamente, considerando que o mesmo está em pauta no Sínodo Pan Amazônico a realizar-se em outubro próximo em Roma.

Falando especificamente do Brasil, constatamos a existência de 24.600 padres, dos quais a grande maioria é um clero jovem. Para não sobrecarregar a leitura, falarei da pesquisa em outra oportunidade e convido-lhe a refletir sobre as desafiadoras e realistas palavras do teologo Karl Rahner a respeito da vida e ministerio presbiteral no século XXI.

O presbítero de amanhã será um homem de coração trespassado, ferida da qual lhe advirá a força para realizar a sua missão. Um coração trespassado, ferido pela ausência de Deus na existência, ferido pela loucura do amor, ferido pela consciência que nasce da incapacidade de êxito, ferido pelo sentimento de ser ele próprio digno de piedade, de ser questionado; e, ao mesmo tempo, um ser persuadido de que é de tal coração que há de brotar a força de sua missão, a autoridade da função, o valor objetivo da pregação, a eficácia dos sacramentos no acontecimento da salvação, através da graça: a tudo por meio de um coração trespassado.

Digo mais, o presbítero de amanhã será um homem de coração trespassado, tendo por tarefa conduzir a humanidade ao âmago, ao próprio centro de seu ser, ao fundo de seu coração, e sabendo que não poderá atingir esta meta se ele mesmo não tiver encontrado seu próprio coração, se não tiver descoberto a incompreensibilidade do Amor, que, só para vencer caiu na morte.

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