Padroeira do Brasil

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Por Dom Paulo Mendes Peixoto

O Brasil é um país de muitos privilégios e com uma marca profunda de fé, que se expressa de muitas formas: como religiosidade popular nas devoções marianas; outros com formato mais tradicional; expressões com uma fé muito individualista; outros com aspectos mais litúrgicos; há os que são mais comprometidos com a vida das pessoas, dos mais vulneráveis e pobres. Tudo constitui uma grande riqueza cristã.

Na data de 12 de outubro é celebrada a solenidade de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, a mãe do nosso povo. Ela intercede de seu Filho em favor dos brasileiros pedindo o bom vinho do amor, da esperança e da alegria, principalmente para as crianças. É dia de pensar no sentido da vida como dom de Deus, olhando para as questões do país que refletem o desprezo pelas pessoas que não conseguem vida digna.

No Antigo Testamento aparece a judia Ester, cheia de confiança em Deus e comprometida com as realidades de seu tempo. Ester procura promover a resistência contra a cultura que marginaliza as pessoas. Ela representa a força e a coragem da mulher que intercede diante do rei a favor de seu povo. É motivadora de ações concretas nos tempos modernos quando assistimos atos de violência, comprometendo a vida das pessoas.

No mundo do laicato, os leigos e as leigas são convocados pelo sacramento do batismo a um comprometimento verdadeiro com a fé cristã e com a vida de comunidade. Temos hoje, nas comunidades eclesiais de base, a força das mulheres na ação evangelizadora, seguindo a postura coerente de Maria, a Mãe de Jesus no compromisso com Jesus Cristo. Elas geram o projeto de Jesus para resistir aos ataques do mal de hoje.

Falar da Padroeira do Brasil é olhar e falar do papel da mulher nas comunidades cristãs. Elas são sinais concretos de Igreja no meio do povo, fazendo acontecer o exercício da Palavra de Deus, que projeta o bem sem distinção de pessoa. O Brasil é um país mariano e com marca feminina cristã muito visível. É pena que isto não esteja acontecendo ainda de forma desejável no âmbito e meios políticos da nação.

Nas Bodas de Caná, com a presença de Jesus e dos apóstolos, Maria intercede a favor dos noivos no momento da falta de vinho. É aquela que provoca a transformação da água em vinho, capaz de atrair as pessoas para o encontro pessoal com Jesus Cristo. Imitando Maria na sua conduta de vida, cada brasileiro, principalmente cristão comprometido com a vida humana e com a dignidade, deve “fazer o que ele vos disser” (cf. Jo 2,5).

 

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.

 

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