Pe. Isaias Mendes Barbosa, CSsR[2]
Primeiras palavras
Para melhor compreendermos e falarmos sobre o Movimento cristão é preciso percorrer “três passos fundamentais”. Assim, o termo “movimento” já nos esclarece que a história, vida, testemunho e luta desse pequeno grupo da periferia de Nazaré não veio pronto e nem surgiu do nada, mas em meio ao conflito, à violência e exploração dos que detinham o poder político e influência sociorreligiosa sobre os pobres ou periféricos que pouco ou nada possuíam. O Movimento cristão surgiu do que estava faltando: a liberdade, a felicidade, a paz e a justiça que provinha de Deus. Assim é preciso lançar as bases do que na história era o começo de tudo e a razão de no começo emergir esse Movimento que revolucionou a nossa história até hoje.
1º passo: a base da vida igualitária (começo do mundo- sociedade baseada na justiça-amor de Deus e a divisão de classes.
Para cristão, com base nos escritos bíblicos, o começo do mundo tem uma explicação mística, teológica, poética e social, porém não científica e nem exata. No livro do gêneses observamos que a origem de tudo está em “Deus criador”, um Ser que fez a humanidade, o cosmo e todos os seres (bióticos e abióticos) a partir de si. Não há como descrever com exatidão tal evento, mas apenas intuir que o evento inicial existiu (crer) porque uma questão sempre ficou por aberto na nossa cabeça: afinal de onde viemos, de onde tudo começou e para onde vamos depois que a morte vier nos visitar? Afinal, se tudo tem um fim, então deve ter tido um começo. Esse começo absoluto chamamos de Deus.
Tal como um filho ou filha provém de uma família, assim a família humana e todos os seres planetários provieram de algo que sempre existiu, isto é, que era eterno, de Deus. Não há como explicar ou esclarecer com exatidão a origem do começo do mundo e do humano porque é mistério, mas podemos perceber que tal evento, promotor da vida planetária e humana, aconteceu. E que podemos estar abertos para esse mistério, que tal mistério revolucionou a história humana, a história de Israel e do Movimento cristão.
O livro do gêneses explica ao seu modo o evento, afirmando que “Deus criou” de si (da própria palavra vital e interior) tudo o que existe e que tudo era bom porque foi feito numa harmonia e ordem perfeita. Junto com a Terra e dentro da Terra emerge, cresce e desenvolve a humanidade. A força, desconhecida e misteriosa que originou tal evento é chamada, pelo povo de Israel, de Deus ou Yahweh:essa palavra significa aquele que é, que existe, que está presente e atua em nós, por nós e conosco na história. Ele é o nosso companheiro eterno de viagem. Quando nos abrimos para perceber e sentir isso então surge a questão decisiva “eu creio, eu acredito, eu acolho e conto sempre com Ele na minha vida ou então eu me fecho”. Abrir-se para tal mistério significa ter fé, fechar-se significa negar tal evento, mas isso fica sempre por conta da pessoa, ninguém pode responder essa questão por ela. O conjunto dos que testemunha essa experiência em comum são chamados de assembleia de Deus, ou comunidade de fé, ou em termos mais catequéticos: Igreja.
O livro do gêneses descreve o começo de tudo como algo completo, bom, igualitário e com funções específicas. Adão e Eva representam a Humanidade no seu começo. Os dois eram uma só “carne”, isto é, a humanidade era completa, vivia na unidade, na igualdade, na liberdade e na fraternidade entre si e com Deus. Poderíamos resumir tudo em duas palavras: viviam no amor e na justiça. O amor é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa que nos impele para o bem e para a felicidade. É uma herança vivida na sociedade, mas que nos foi dada por Deus como presente. Do mesmo modo acontece com a justiça. Por justiça entende-se,de modo simples,que a cada um deve ser dado o que lhe é devido, de direito para uma vida feliz. O amor e a justiça tornavam a primeira humanidade como uma só, em harmonia com os seres que viviam no mundo. Mas desse modelo de vida inicial aconteceu os conflitos, as divisões, as intrigas, a violência e as controvérsias, as traições, as feridas e a maldade – que em teologia chamamos de consequências do pecado.
Não se sabe ao certo como aconteceu, mas que isso dividiu o que era “um”, separou a sociedade e fundamentou duas classes: a classe dos que oprimem e a classe aqueles que são oprimidos. Assim na caminhada do ser humano havia esse primeiro grupo de pessoas, um pequeno povo, oprimido, que conhecia a Deus, ele é chamado de Israel. Abraão fazia parte dele. Mas estando no Egito, esse pequeno grupo foi escravizado, violentado, agredido e assassinado. O Faraó mandou matar as crianças, submeteu o povo ao trabalho escravo e lhes tirou o sustento para uma vida digna, de festa sagrada e de fé.
Moisés que fazia parte desse grupo tentou fugir, seguir uma vida solitária, livre do grupo, mas teve um encontro com o Mistério Absoluto, no deserto, e entendeu o que Deus falava no seu coração: “‘Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi seu grito por causa dos seus opressores; pois eu conheço as suas angústias. Por isso desci a fim de libertá-los da mão dos egípcios” (Ex 3,7). Será Moisés um dos líderes que irá ajudar o povo a se libertar das garras do Faraó e seus apoiadores. Ele faz isso por causa de Deus: vai avisar ao faraó que liberte o povo.
Retornando ao Egito Moisés vai enfrentar o Faraó e todos os que estavam com ele, enfrentar o sistema do status quo que oprimia o povo. Moises vai libertar o seu povo da mão do opressor, para fazer justiça e para que o povo viva em paz, na vida, na festa sagrada e na união de todo o povo com Deus. Assim insurge na história do povo de Deus, povo de Israel,uma das primeiras e importantes revoluções humanas. Aqui se inicia a ação revolucionária do povo de Deus. Aluta pela mudança identificava Israel como um povo que desejava a liberdade, que buscava a terra para tirar o seu sustento e uma vida social em paz e feliz. Assim, é do conflito, da violência e da morte que surge a luta por justiça, amor, liberdade e felicidade. Toda essa luta por libertação é quista por Deus para o seu povo.
2º passo: a opressão dos líderes políticos e religiosos sobre o povo e os profetas da luta e libertação.
Dois momentos históricos – de conflito, violência e morte – marcam a vida de Israel: 1) a deportação e destruição do Reino do Norte pelos assírios e 2) o Exílio na Babilônia.Quando os líderes religiosos e políticos de Israel esqueceram do seu povo, não se prepararam para as invasões dos povos vizinhos ou se deixam subornar pelos poderosos de outros países, então aconteceu o conflito externo e interno. Toda tragédia, calamidade e sofrimento é visto como fruto do pecado e da negação da aliança (amor e justiça) entre os membros de Israel, entre o povo e Deus.
Quando o pecado, a opressão, a violência e morte se instauram na vida de Israel, então surgem os profetas: aqueles chamados por Deus para resguardar e fazer justiça ao seu povo. São os que motivam o povo na luta e na esperança, são os que gritam quando o povo está sendo oprimido, quando acontece a injustiça: “reuni-vos nas montanhas da Samaria, e vede as numerosas desordens em seu seio, as violências em seu meio” (Am 3,9). Ai dos que planejam a injustiça e tramam o mal em seu leito, ao amanhecerem cobiçam campos, eles os roubam”. “Por três crimes de Israel e por quatro não revogarei, porque vendem o homem justo por dinheiro e o pobre por um par de sandálias. Eles esmagam sobre o pó da terra a cabeça dos fracos (Am 2,6-7). A mensagem e luta dos profetas se punha contra a todos os que abusavamos privilégios e poder em Israeltendo como contrapartida a exploração e destruição dos mais fracos. Os profetas vão contra o poderio opressor.
No contexto da invasão assíria e da venda dos líderes da época, surge o profeta Miqueias.O contexto é de corrupção, exploração, opressão, domínio e injustiça das autoridades para com os pobres, as viúvas, os camponeses e estrangeiros em Israel. Miqueias denúncia as cinco categorias de poderes (proprietários, chefes, sacerdotes, falsos profetas e magistrados) que sugam o “sangue” (os bens) e destroem a “carne” (a vida digna) do povo. Toda essa exploração é para os líderes terem, manterem e continuarem os bens e regalias pessoais, assim como para ficarem no poder religioso, político, judiciário, administrativo, econômico e privatizado de Israel. As denúncias da forma de opressão são: a) a violência institucionalizada, b) a corrupção administrativa, c) o comercio exploratório, d) latifundiário e e) o sistema tributário. Tais ações praticadas pelas lideranças levariamo povo de Deus e os próprios líderes para ruína.
No contexto do exílio da Babilônia o desespero tomou conta do povo retirado da terra do Reino de Judá. A deportação afastou as lideranças, mas a população simples e pobre ficou. Assim o povo ficou dividido. Os exilados, trabalhavam nos assentamentos, mas não eram donos da produção, nem do trabalho (alienação). Os impostos eram exploratórios, e a identidade (e fé) do povo de Deus sofria crise.
O profeta apresenta uma rápida retrospectiva da história para rever em que ponto as lideranças erraram, junto com o povo. Pois os problemas tiveram como fonte os passos dados em direção â divisão, violência, opressão e morte. A situação de exploração, sujeição, opressão, perda da terra e risco da perda da identidade é uma constante em Judá nesse contexto.
Nessa conjuntura o profeta Ezequiel, por uma experiência divina, se dedica a ser a boca de Deus para o seu povo sob a dialética entre 1)a denúncia de pecado,dos erros, das falhas e crises; e 2) o anúncio(oráculos) de salvação e promessa de restauração. O profeta propõe o reencontro com a própria identidade e história de Israel. Identidade essa de povo de Deus e de luta, de compromisso de fé, de libertação do exílio, de reconhecimento de Javé como único Deus,protetor de seu povo. O caminho proposto pelo profeta pode ser uma luz para realidade injusta, desigual e opressora que sofremos. O profeta Ezequiel segue uma dinâmica profética que vai de oráculos de juízos e condenações para oráculos de salvação e promessas de restauração. O ponto ético que destacamos nesse contexto é a promoção do consolo/esperança para os deportados retornarem à terra, às raízes de vida e fé (Ez 28,25-26).
3º Passo: oMovimento cristão e a luta popular
A conjuntura política da época jesuana é marcada pelo governo de César Augusto, imperador de Roma. Roma era governada pelo senado, pelo magistrado, pela assembleia popular, mas sempre o poder de decisão e execução estava nas mãos de César, além disso este expandiu o seu império e implantou a política de boa vizinhança camuflada de paz romana. No tempo de Jesus havia um ódio terrível contra o estrangeiro. Este era visto como inimigo. Os que tinham um certo poder político, religioso e social era temido, pois poderia modificar o sistema ou explorar o povo cada vez mais. Sob o poderio do império, o judaísmo se conformava ao sistema de exclusão vigente e não tinha atenção para lei judaica de amor e cuidado ao estrangeiro. Diante da violência institucionalizada o medo se instaurava na população e, de modo especial, no povo judaico, pois mais de duzentos mil judeus já tinham sido mortos. A população periférica não falava de política, pois havia espiões em toda parte, espiões de Cesar. A polícia mantinha o controle de qualquer revolução.
Num ambiente de conflito, medo, extrema pressão e insegurança surgiam reações das mais diversas. Os zelotas eram antagonistas a tudo quanto fosse estrangeiro ou dos judeus que eles chamavam de traidores. Havia um grupo que se fechava nas preocupações da Torá judaica, aquém da realidade social e sofrimento do povo. Os saduceus eram políticos práticos, aristocratas que se calavam em troca de privilégios políticos. Nesse clima de tensão, terror, conflito, violência, intolerância e morte o Império romano dominava as regiões pelo sistema hierárquico de exploração. Os cobradores de impostos seguiam a lógica de captação de dinheiro e pela acumulação de bens, enquanto que muitos dos líderes religiosos evitavam qualquer oposição contrária à política de governo e à tirania disfarçada de paz romana. No tempo de Herodes esse deixou a população empobrecida, desmoralizada, resignada da má sorte que levava, em extremo sofrimento tal que a morte se tornava invejada por alguns, pois morre se tornava um alívio de tanto sofrimento.
O povo, na sua maioria, jamais conseguiu entrar em acordo com os romanos, quem sofria perseguição se tornava escravo do império, mas entre os diversos povos, culturas e religiões que haviam, os judeus foram os que mais sofreram as dores e amarguras do sistema, a pesar de que eles conseguiram um estatuto de submissão em troca de privilégios: redução dos impostos, isenção do fornecimento de tropas auxiliares, liberdade social, mercantil e religiosa, uso do sinédrio para o julgamento das causas religiosas. Os grupos religioso-políticos eram saduceus, fariseus, essênios e zelotas.
Os judeus viviam no templo como espaço de presença religiosa, social e política. Eles provieram dos Macabeus que instauraram a ordem e a santidade no templo que outrora fora profanado; havia vários grupos no judaísmo, desde os que queria a pureza do templo e a santidade, a mistura da cultura helénica e pagã, até os que promoviam a fuga do templo para o deserto como negação das funções e realeza dos sacerdotes judeus.
O Movimento cristão se situou nesse contexto, na região da Galileia, espaço onde nasceu Jesus nazareno. A região era como um jardim, limitada e cercada de nações estrangeiras poderosas; a região era rica em biodiversidade, o povo era numeroso e acostumado na guerra, sempre resistente às invasões. Ao lado dos camponeses e agricultores estavam os pescadores,os artesões de sapatos, lâmpadas, arreios, castiçais e etc. Mendigar e lavrar a terra era as duas opções humanas, nessa esfera está a classe pobre. A classe rica por sua vez eram os latifundiários, os ricos comerciantes e proprietários de terra, os membros da família real e os arquissacerdotes.
Jerusalém se tornou o centro do culto religioso e do comercio, da cultura e do saber, da política e das relações econômicas. Todos queria estar lá. É diante desse universo conflitante sociorreligioso que o povo esperava o messias: um homem enviado por Deus para salvar o povo das dores e sofrimentos causados pelo mal, pelo poder opressor, pelo sistema de destruição humana. É no contexto de dor e violência que Jesus nasce para realizar completamente a aliança de justiça e amor, de liberdade e felicidade que há em Deus e que deve fazer parte da vida do povo. Num mundo marcado por desigualdade, pobreza e exclusão, Jesus vem promover o projeto de igualdade, fraternidade e salvação do homem. Esse projeto veio de Deus e Jesus irá concretizá-lo. Jesus era de classe pobre, vivia num ambiente de trabalho braçal, numa família operária. Ele é pobre e se identifica com o pobre.
Após trinta anos de um certo anonimato público, Jesus, judeu de religião, aparece na vida do povo, chamando atenção, gerando curiosidade, medo e ódio de muitos. Ele forma um pequeno grupo de doze homens para segui-lo, junto com muitas mulheres. Como bom judeu, Jesus vai na sinagoga e anuncia a justiça e misericórdia de Deus para os que foram pisados na sociedade: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor”. Jesus é o profeta, enviado de Deus, que anunciou a boa nova do amor, mas também advertiu que como profeta da denúncia, seria recusado e odiado por muitos: “o profeta não é bem recebido em sua pátria” (Lc 4,18-19.23).
Após sair da Sinagoga Jesus transita nos espaços periféricos e encontra-se com os que estavam na deriva, nas ruas, os que eram tratados como pecadores, pobres, excluídos e sofridos. A mensagem de Jesus se dirige aos marginalizados da sociedade, aos que estão caídos, pisados, aos pobres e deficientes, à classe oprimida. Jesus falou de Deus como Pai e do seu Reino de Justiça, amor, luta e paz. Os trabalhadores, artesãos e os rejeitados pela sociedade, acolheram a sua mensagem. Várias mulheres como Maria, Maria Madalena, Lídia, Prisca, ingressaram ao longo do tempo no Movimento. Deste modo começou a vida pública de Jesus e a sua fama de messias, enviado de Deus, salvador, profeta e libertador.
Jesus teve uma certa atração pelo deserto, lugar de encontro consigo, de silenciar, de encontro com Deus, de oração, de reflexão sobre a vida,de clareza interior, de revitalização para a vida, missão e luta cotidiana. Muitas vezes Jesus promoveu para seus discípulos essa parada necessária para que o grupo se percebesse e refizesse seu caminho, e mudasse o que precisaria ser melhorado. Ao falar sobre o Reino e cumpri a missão que lhe fora confiado, Jesus entra em conflito com os que são do antirreino. Esses são chamados de raposa, hipócritas, filho do maligno, tirano, perseguidores, víboras e etc.
Jesus é um educador libertário porque ensinava não só para promover o conhecimento, mas para transformar a vida das pessoas em esperança, luta e libertação. Ele estimulava o povo na busca da justiça que vem do Reino de Deus, Ele, enquanto encarnado, foi um homem de palavra e ação, que exigiu dos seus palavra e ação. Jesus fala ao povo, mas a partir da experiência deles mesmos, do que eles viveram, é um ensinamento da vida e uma pedagogia que transforma a pessoa para salvá-la. O lava-pés, a cura do cego, do paralítico, da mulher com coágulo de sangue; a ceia pascal, a multiplicação dos pães, dentre outras ações de Jesus expressam o amor e a justiça de Deus que deseja para o seu povo o direito, a justiça, a compaixão, a libertação, a dignidade e a igualdades das pessoas filhas de Deus.
[1]Texto produzido e apresentado à Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB). Entre as diversas hermenêuticas da história de Israel e do início da vida cristã, esta é uma que tenta se aproximar da realidade social vivida pelo povo.
[2]Membro da Congregação dos Missionários Redentoristas. Graduado no curso de Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE) de Minas Gerais. Professor licenciado no curso de Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Possui pesquisa filosófica e produção literária no Grupo de Estudo em Giambattista Vico, no Grupo de Pesquisa do Observatório de Estética e Espaço Social Pier Pasolini, no Grupo de Pesquisa de Filosofia Medieval. Tem experiência em Monitoria de ensino superior (Filosófico), pesquisa e produção científico-filosófica em Giambattista Vico. Foi bolsista do Programa de Pesquisa do PIBIC/ FAPEMIG, ligada ao Projeto de Pesquisa do Professor Dr. Afonso Murad, na área da Ecoteologia.