E o verbo se fez carne e habitou entre nós

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Por Warlem Dias – Assessor das CEBs Diocese de Sete Lagoas

O VAZIO DA MANJEDOURA

Naquela paróquia da Cabana, na periferia de BH, o ladrão levou o menino Jesus. Ficou a manjedoura. Vazia! Piedosas senhoras reclamaram sentidas: “pobrezinho do menino Jesus”. O padre as consolou: “foi levado, mas é um gesso, não tem valor comercial”;“ficou a manjedoura vazia”! Mesmo assim, jovens dos Arautos, escravos de Maria, dos Anjos e Arcanjos, dos Discípulos, do Sangue de Jesus queriam fazer a busca deste sacrílego e, por fim, um bonito ato de desagravo à imagem do menino Jesus. A manjedoura está vazia!

Pois bem, “passamos pelas coisas sem as habitar”. Alguém disse: “Temos em nossa casa, na parede da sala de jantar a Santa Ceia. De tão acostumados, já não nos diz nada”. Quem sabe o ladrão leve a imagem da sala de jantar?E do vazio da parede busquemos o essencial. Tal qual a manjedoura vazia!

Chegamos ao Natal! Habituados ao de sempre, estamos cansados com as correrias, os ativismos e as ansiedades. Vivemos de nossas trivialidades na cultura do consumo e descarte, num natal das distâncias e superficialidades. Portanto, são mil preocupações iniciadas em novembro. Cidades travestidas de luzes encobrem suas grutas. Nos shoppings, escancara-se a “felicidade” do Papai Noel. A árvore de Natal gigante fascina! Um extenso presépio, uma manjedoura imponente e um menino Jesus precoce e saudável são para foto. Tudo fica tão cheio que não há lugar para nascer! As grutas estão vazias.

Dessa maneira, vamos armando nossas árvores e presépios, sem nomes e rostos. Como no dito: “compramos pronto”. Na sofreguidão do tempo e com veemência, somos o efêmero. A velocidade impede-nos de viver. Resta-nos o vazio da falta de sentido. Estamos líquidos. Roubaram o menino da manjedoura! Agora, somos convidados a contemplar este vazio da manjedoura! Curtir o silêncio da noite escura, que é bela! Alegrar-se com os pastores e abrir-se às periferias geográficas e existenciais.

O verbo de Deus se fez carne e armou a sua tenda entre nós. Se o presépio é o lugar de sentir e tocar com os nossos sentimentos, então somos e fazemos a originalidade deste presépio vivo. Contempla-se, a partir das grutas da vida, onde se encontram as manjedouras, no silêncio da noite, para acolher um menino frágil, vulnerável e humano, que armou a sua tenda entre nós. E Deus esvaziou o céu!

Contemplemos a manjedoura vazia!

 

 

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