“A vida acima de tudo”

Sete Lagoas, 09 de maio de 2020.

Nós, representantes das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) da Diocese de Sete Lagoas, reunidos nesta data, através de videoconferência, tendo em vista o crescimento acelerado de brasileiros contaminados pelo coronavírus – COVID 19 e consequente número de mortos, manifestamos nossas PREOCUPAÇÕES com o afrouxamento do isolamento social como  prevenção e controle da doença, e, REPUDIAMOS tudo que atenta contra a vida, particularmente nas ações do COMITÊ GESTOR DA PANDEMIA, que tem no PREFEITO MUNICIPAL a nossa representatividade de munícipes.

Sabemos que se vive, no momento, aqui e no mundo, uma pandemia que tem trazido graves consequências à vida das pessoas e, por isso, diminuição do emprego e da renda, tornando os mais vulneráveis – trabalhadores, idosos, negros, indígena vítimas fáceis da doença. No Brasil aclarou-se e tangenciou o fosso da desigualdade social, ironizado no auxílio emergencial pelos invisíveis – (os sem CPF); adiciona-se os sem “comprovante de residência”, que são carne osso dos sem teto, dos catadores de recicláveis, dos biscateiros neste contingente de trabalhadores informais. Emprego e renda condição da realização de dignidade humana! Saúde conditio sine qua non para trabalho e festa! Desde a tenra idade quem não ouviu este mantra: “Deus te dê vida e saúde!”

 Iluminados pela Palavra de Deus, na vivência do Evangelho de Vida e Salvação afirmamos: a VIDA acima de tudo! Baseada no evangelho a Doutrina Social da Igreja, ao longo dos séculos afirma: A vida em primeiro lugar. O Papa Francisco proclama a Igreja em Saída como um hospital de campanha, cuja tarefa é acolher, cuidar e salvar a vida! Assim, proclamamos e cantamos o nosso mantra “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância!” (Jo 10,10).

Portanto, deixamos bem claro o nosso posicionamento como cristãos comprometidos com a fé e a vida:

– A vida da pessoa tem prioridade frente a qualquer renda;

– O poder público deve zelar, incentivar e prover as condições necessárias para o isolamento social, defendido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e secretarias locais de estados e municípios;

– Priorizar a abertura do comércio e indústria, num momento em que estamos em curva ascendente da doença, é um tanto temerário, pois sabemos que o município não tem os leitos necessários para atender toda a demanda de doentes. Portanto, quem o faz, se torna responsável pela catástrofe que pode vir a acontecer;

– Reconhecemos a necessidade do emprego e renda, da volta às atividades, mas não pode ser uma decisão precipitada que exponha os mais pobres e que precisam trabalhar à mercê da contaminação e morte;

– Lembramos, ainda, que os testes da COVID-19 não são acessíveis à grande maioria da população, por conseguinte das subnotificações.

Enfim, encerramos este manifesto com as recentes palavras de artista brasileiro, citando o grande dramaturgo alemão, Bertold Brecht: “Os que lavam as mãos o fazem numa bacia de sangue”!

COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE DA DIOCESE DE SETE LAGOAS

PASTORAIS SOCIAIS DIOCESE DE SETE LAGOAS

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